ANEMIA FERROPRIVA

A anemia por deficiência de ferro ocorre quando a produção da hemoglobina diminui o suficiente para levar à redução da sua concentração em relação aos valores de referência de diagnóstico.1

Considera-se a anemia principalmente como um problema de saúde pública que afeta crianças em crescimento, mulheres em pré-menopausa, gestantes, pessoas com doenças crônicas e idosos.2

Existem esforços contínuos para aumentar o acesso e o consumo de alimentos ricos em ferro. Assim, o enriquecimento de alimentos com ferro é praticado em vários países na Ásia, na África e na América Latina e é recomendado pela OMS para prevenção da anemia ferropriva.2,3

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Afeta a maioria dos países
subdesenvolvidos e de 
30% a 40% das mulheres em países industrializados.4
Prevalência de cerca de
40% e 30%
em mulheres
grávidas e não grávidas,
​​​​​​​respectivamente.4,5

Causas e consequências

Embora a deficiência de ferro seja a causa mais comum de anemia, deficiências de outros micronutrientes como ácido fólico e vitamina B12 e outros fatores de risco (como infecção crônica e inflamação) podem causar diferentes formas de anemia ou contribuir para sua gravidade.1,6​​​​​​​

Tabela 1. Principais causas da anemia ferropriva7
Tipo de causa Condição Mecanismo fisiopatológico
Exigências de ferro aumentadas Lactentes, pré-escolares, adolescentes Crescimento rápido
Gestantes: segundo e terceiro trimestres Expansão da massa eritroide materna e fetal
Tratamento ESA Expansão aguda da massa eritroide
Baixa ingestão de ferro Alimentação inadequada* Ferro dietético insuficiente: ferro heme baixo ou ferro pouco biodisponível (por exemplo, quelatado por fitatos)
Vegetarianos, veganos
Diminuição da absorção intestinal de ferro Gastrectomia, by-pass duodenal, cirurgia bariátrica Superfície de absorção diminuída
Enteropatia induzida por glúten
Gastrite atrófica autoimune pH aumentado
Infecção por Helicobacter pylori Aumento do pH e perda de sangue
Drogas: inibidores da bomba de prótons, bloqueadores H2 Bloqueio da secreção de ácido gástrico
Irida genética Níveis séricos elevados de hepcidina
Perda excessiva de sangue Infestação de ancilostomídeos * Sangramento do trato gastrointestinal
Lesões gastrointestinais benignas e malignas
Salicilatos, corticosteróides, antiinflamatórios não esteróides, drogas
Menstruação intensa, hematúria Sangramento do aparelho geniturinário
Hemólise intravascular (HPN, hemoglobinúria de marcha) Perda urinária de hemoglobina (ferro)
Medicamentos: anticoagulantes, compostos antiplaquetários Sangramento sistêmico
Defeitos de hemostasia (hemorrágica hereditária telangectasia, doença de von Willebrand)
Doadores de sangue frequentes Perda de sangue repetida
Outras causas (deficiência de ferro absoluta associada com inflamação) Doença renal crônica Diminuição da absorção de ferro, aumento da perda de sangue, redução da secreção de hepcidina e aumento da produção, drogas, ESAs

*Mais comum em países em desenvolvimento
Raramente resultante de mutações genéticas diferentes de TMPRSS6
​​​​​​​ESA: agentes estimulantes da eritropoiese; Irida: anemia por deficiência de ferro refratária a ferro

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Quando não tratada, a anemia pode levar à diminuição da produtividade no trabalho, diminuição da capacidade de aprendizado, retardamento do crescimento, apatia e perda significativa de habilidade cognitiva, além do agravamento de doenças preexistentes.8

No tratamento da anemia por deficiência de ferro, deve-se considerar ​​​​​​​ferro oral ou intravenoso. De modo geral, os fatores considerados na tomada de decisão do médico incluem idade e sexo do paciente, a condição causadora da anemia, a gravidade da anemia ou a deficiência de ferro e seus sintomas.2,5

A terapia intravenosa geralmente pode ser considerada quando a resposta, a tolerabilidade ou a adesão à terapia oral com ferro não são ideais ou quando a anemia ou a deficiência de ferro são graves.2,5

Referências Bibliográficas : 1. Moustarah F, Mohiuddin SS. Dietary Iron. [Atualizado em 28 de abril de 2021]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Disnponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK540969/ [acessado em fevereiro de 2022]. 2. National Institutes of Health (NIH). Iron. Fact Sheet for Health Professionals [internet]. Bethesda, MD, EUA, 30 de março de 2021. Disponível em: https://ods.od.nih.gov/factsheets/Iron-HealthProfessional/#h16 [acessado em fevereiro de 2022]. 3. Ross AC, Caballero B, Cousins RJ, Tucker KL, Ziegler TR. Modern Nutricion in Health and Disease. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins; 2014. 4. World Health Organization. Iron Deficiency Anaemia. Assessment, Prevention and Control. A guide for programme managers. World Health Organization, 2001. 5. World Health Organization. Anaemia [internet]. Genebra, 2022. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/anaemia#tab=tab_2 [acessado em fevereiro de 2022]. 6. De Santis GC. Anemia: definição, epidemiologia, fisiopatologia, classificação e tratamento. Medicina (Ribeirão Preto). 2019 nov 7;52(3):239-51. 7. Camaschella C. Iron deficiency. Blood. 2019 Jan 3;133(1):30-39. 8. Brasil. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Anemia [internet]. Brasília, dezembro de 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/69anemia.html [acessado em fevereiro de 2022].

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